
Antoni Gaudí, foi um arquiteto contemporâneo, com projetos marcantes que não podem ser rotulados ou enquadrados nos limites estreitos das ‘escolas’ arquitetônicas. Suas obras, que indiscutivelmente representam o mais importante conjunto de contribuições para a difusão do modernismo catalão, somente de forma demasiadamente reducionista podem ser consideradas como restritas a essa manifestação.
Sobre sua obra
Gaudí, como estudante de Arquitetura, vivenciou o ambiente da reforma urbana, cujos resultados são significativos até os dias atuais e visíveis na quantidade e qualidade dos edifícios, que ostentam riqueza e ousadia. Esse fato, repercute até hoje, marcando presença nas ruas que receberam nomes de arquitetos, pintores, músicos, poetas e filósofos importantes para a região. É nesse cenário fértil que floresceram as obras de Gaudí e seus contemporâneos.

Sobre as formas curvas
Gaudí sempre rejeitou a dureza das linhas retas e a rigidez das formas ortogonais. Sendo um homem místico e de arraigadas convicções religiosas, atribuiu às formas curvas da natureza um sentido de divindade. A originalidade de sua obra consistia em voltar às origens que, para ele, era a Natureza como criação divina.
Sua maior ousadia foi, principalmente, na forma ambígua e atrevida de estabelecer um intenso diálogo entre ‘código formal’ e soluções ‘estruturais’. Na aparência lúdica, que muitas vezes se aproxima do onírico, está registrada a rígida coerência e o rigor técnico que adotado para as soluções estruturais, que conseguia construindo maquetes - para estudar as idéias a serem executadas.

Casa Batllò - Barcelona
Como arquiteto, Gaudí pode ser considerado à frente de seus contemporâneos pelo arrojo das soluções e a ousadia em inovar no uso das técnicas e dos materiais conhecidos. Ou seja, a coragem de dar asas à imaginação para ‘concretizar o sonho’.
Tanto assim que ao passar por Barcelona, em 1928, Le Corbusier surpreende-se com a criatividade da cobertura do pequeno edifício da Escola construída junto ao templo da Sagrada Família, fazendo um desenho em sua caderneta de anotações, associado à seguinte frase: “É a obra de um homem de uma força, uma fé, uma capacidade técnica extraordinárias, manifestada durante toda uma vida”.

La Sagrada Família - Barcelona
Obra de antecipação
Atualmente é comum considerar a conquista de grandes vãos com o uso do concreto ou aço. Em Gaudí essa solução estava presente há quase um século. A Casa Milà, mais conhecida como ‘La Pedrera’, é um edifício praticamente ‘esculpido’ em pedra, mas que já tirava proveito da organização livre da planta dos diversos apartamentos, conforme os interesses de seus proprietários. Projetado antes mesmo que os automóveis fossem fabricados ‘em séries', já dispunha de garagem subterrânea com uma vaga por apartamento, com acesso por rampa. Hoje transformado em centro cultural, esses espaços receberam novos usos, como locais de exposição e auditório.



Réptil Parque Güel
Com uma vida inteiramente dedicada à profissão que escolheu, Gaudí não constituiu família, alegando que isso tornaria impossível seu total envolvimento com a Arquitetura, despertando até mesmo uma dimensão de designer do mobiliário e dos objetos que iriam compor os ambientes dessas obras. Era místico, conservador e foi autor de uma obra monumental que marcou sua época, conquistando o respeito internacional e projetando intensamente os valores culturais de sua terra e de sua gente.
Morreu aos 73 anos, vítima de atropelamento. Encontra-se sepultado no Templo Expiatório da Sagrada Família, Barcelona, na Espanha.
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